domingo, 26 de agosto de 2012

Os mais vendidos das editoras na Bienal – e por que elas venderam mais

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A lotação dos últimos dois dias da Bienal do Livro de São Paulo, no fim de semana que passou, fez com que algumas editoras pela primeira vez vendessem mais livros do que na versão carioca do evento, tradicionalmente líder nesse quesito, ou pelo menos chegassem perto. Até a quinta-feira anterior ao encerramento, muitas acreditavam que fechariam esta edição com vendas menores inclusive que as da Bienal paulistana de 2010.
O público desta última Bienal (estimativa de 750 mil) foi quase igual ao de 2010 (743 mil), então a resposta para as vendas maiores não poderia estar na quantidade de pessoas que passaram pelo Anhembi. Além disso, o mercado editorial cresceu mais em 2010 do que deve crescer neste ano, caso em que faria mais sentido as vendas caírem.
Resolvi questionar as próprias editoras sobre por que elas acreditam ter vendido mais nesta edição. Meu palpite estava no post abaixo: a maior abundância de descontos. Para quem vai a um evento dessas proporções, livro bom é livro barato. Será o destino da Bienal se tornar a tão temida (pelo mercado) e amada (pelo público) “feira de liquidações”?
Pelas respostas a seguir, além dos descontos, o desempenho do segmento juvenil foi decisivo–é um público forte na Bienal. Vale notar a gritante diferença entre o número de exemplares do livro mais vendido de editoras que apostam no juvenil e o das que não atendem especificamente a esse público.

AutênticaLivro mais vendido: “Apaixonada por Palavras”, de Paula Pimenta (500 exemplares; as três posições seguintes também foram de títulos da mineira).
Vendas na comparação com 2010: a editora acha difícil calcular porque neste ano pela primeira vez teve estande exclusivo e porque as vendas foram alavancadas pelo fenômeno que Paula Pimenta se tornou.
Por que venderam mais:“Maior oferta de títulos para o público juvenil (70% das nossas vendas foram para esse público) e livros com preço rebaixado. Depois dos juvenis, o que mais vendemos foram livros com preço bem rebaixado, os encalhes, a preços de R$ 5 a R$ 10″.

Editora Unesp
Livro mais vendido:“Os Analectos”, de Confúcio (100 exemplares).
Vendas na comparação com 2010: cerca de 22% maior em faturamento e 12% em número de livros. A editora faturou cerca de R$ 92 mil (ante R$ 72 mil em 2010) e vendeu 3.350 livros (ante 3.000 em 2010)
Por que venderam mais:“Neste ano, a editora fez o dobro de lançamentos na feira (22 no total) na comparação com 2010″.

Senac Editoras
Livro mais vendido:“Panelinha, Receitas que Funcionam”, de Rita Lobo (605 exemplares)
Vendas na comparação com 2010: faturamento 15% maior que em 2010 e 6% maior que o da Bienal do Rio de 2011, totalizando cerca de 7.000 exemplares vendidos.

Por que venderam mais:“Devido aos descontos maiores, já que em termos de público não tivemos tanta diferença. No caso dos livros de gastronomia, o crescimento de vendas se deve também ao crescente interesse do público por livros de referência”.

Imprensa Oficial do Estado de São Paulo

Livro mais vendido:“Revista Sr., uma Senhora Revista”, org. Ruy Castro e Maria Amélia Mello (38 exemplares).
Vendas na comparação com 2010: 1.835 exemplares em 2010 e 702 nesta edição. Na Bienal do Rio de 2011, foram 760.
Por que venderam menos:”Temos dois momentos diferentes. Em 2010, lançamos 15 títulos durante o evento e vendemos os livros com desconto de 30% a 50%. Em 2012, lançamos um livro durante o evento (“Retratos da Leitura 3″, segundo mais vendido, com 35 exemplares) e distribuímos gratuitamente 64.342 unidades da Coleção Série Essencial, com informações sobre os ocupantes das cadeiras da ABL. O foco a Imesp é a difusão da cultura e abrimos oportunidade para obras que não são de interesse do mercado editorial.”

LeYa
Livro mais vendido: “A Dança dos Dragões”, de George Martin (a editora ainda não passou o número de exemplares vendidos). Em segundo e terceiro ficaram dois nacionais, “O Inverno das Fadas”, de Carolina Munhoz, e “Fios de Prata”, de Raphael Draccon.
Vendas na comparação com 2010: na Bienal de 2010, a LeYa tinha apenas 70 títulos em catálogo, o que impossibilita a comparação. Na comparação com a Bienal do Rio de 2011, o faturamento cresceu, segundo eles, mais de 400% –foram vendidos 3,5 vezes o número de exemplares vendidos em 2011.
Por que venderam mais: “Esta Bienal foi marcada pelo boom dos livros de‘fantasy””.

Melhoramentos
Livro mais vendido: “O Menino Maluquinho”, de Ziraldo (1.680 exemplares)

Vendas na comparação com 2010: crescimento de 13% no número de exemplares vendidos e 5% em faturamento. No Rio, em 2011, as vendas tinham sido 22% maiores que as de 2010 e o faturamento, 12% maior.
Por que venderam mais:”Aumento grande nas vendas de lançamentos e backlist de Ziraldo; aumento muito grande na venda de títulos baratos e excelente venda de outros lançamentos”.

Rocco
Livro mais vendido:“Herança”, de Christopher Paolini (a editora não passa números)
Vendas na comparação com 2010: aumento de 50% no faturamento

Por que venderam mais:“A performance de títulos infantojuvenis, como Jogos Vorazes e os livros de Thalita Rebouças, foram o grande diferencial”.

Globo
Livro mais vendido:“Agapinho”, de Padre Marcelo Rossi (cerca de 2.000 exemplares)
Vendas na comparação com 2010: o faturamento foi equivalente.
Por que não venderam mais: segundo eles, a movimentação menor no início do evento, devido a jogos importantes da Olimpíada, e no primeiro domingo da Bienal, Dia dos Pais, fez com que as vendas não crescessem. Eu acrescentaria aí o efeito “Ágape” em 2010, maior que o efeito“Agapinho” em 2012.

Intrínseca
Livro mais vendido: “Cinquenta Tons de Cinza”, de E.L.James (2.220 exemplares)

Vendas na comparação com 2010: foi o recorde de vendas da editora em todas as bienais. Crescimento de 140% na comparação com a Bienal de 2010 e de 10% na comparação com a do Rio, em 2011.
Por que venderam mais:“A Intrínseca está com um fenômeno nas mãos ['Cinquenta Tons'], estamos completamente fora da curva. Podem ser considerados ainda o sucesso de ‘A Culpa É das estrelas’, com 1.270 exemplares, e um aumento considerável do tamanho do estande (que passou de 50m2 para 120m2)”.

Record
Livro mais vendido: “One Direction: A Biografia”, de Danny White (1.475 exemplares)
Vendas na comparação com 2010: faturamento 23% maior.
Por que venderam mais: ainda não respondeu

Novo Século

Livro mais vendido:“Lágrimas de Fogo”, de Ana Macedo (295 exemplares; o segundo e o terceiro lugares também foram de autores lançados pelo Selo Novos Talentos, “Príncipe Gato”, de Marcelo Siqueira Silva e Gustavo Costa de Almeida Siqueira, e ”O Poder do Fogo”, de Khêder Henrique).
Vendas na comparação com 2010: o faturamento foi 59% maior, com um total de 9.022 exemplares vendidos.
Por que venderam mais:”A Novo Século cresceu bastante em número de lançamentos de 2010 para 2012, e o estande dobrou de tamanho, possibilitando maior exposição dos títulos. Outro fator importante foi a interação dos autores Novos Talentos com o público –grande parte deles foi todos os dias do evento”.
Fonte: Blog A Biblioteca de Raquel

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