segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Editores debatem os dilemas e desafios do mercado editorial brasileiro

 


 Ontem, 16/08, o espaço Livros e Cia. realizou na Bienal o debate “Dilemas e conflitos do mercado editorial” com Breno Lerner, superintendente da editora Melhoramentos, Felipe Lindoso, consultor e colunista do PublishNews, e Isa Pessoa, ex-diretora da Objetiva que lançou recentemente uma nova editora, a Foz. A mediação ficou por conta do editor Quartim de Moraes.
Felipe Lindoso destacou como principal desafio do mercado a transformação tecnológica, que irá mudar as características mais profundas do trabalho editorial. Ele apontou a falta de preocupação dos editores com a formação de pessoal e a fragmentação do domínio dos meios tecnológicos. Lindoso deu o exemplo dos metadados, ignorado pelos algoritmos de busca das livrarias online. “O livro brasileiro não é achado, é patético descobrir algo que você não conhece em uma livraria.” Com a perspectiva da chegada a Amazon ao Brasil, Lindoso concluiu que o mercado está em uma encruzilhada e, caso não haja preparação, a venda de livros corre o risco de se restringir a nichos de mercados.



Sobre o fenômeno da autopublicação, Lindoso acredita que ela está deixando de ser autopublicação “pura e simplesmente”, lembrando a compra da Penguin do portal de autopublicação. “A autopublicação é um campo de teste, porque depois eles todos querem ir para editoras.”
Breno Lerner comentou primeiramente que, apesar da quantidade de leitores brasileiros ser pequena se comparada à população do país inteiro, ela não deixa de constituir, isoladamente, um mercado muito significativo –são cerca de 30 milhões de leitores segundo a última pesquisa Retratos da Leitura.
O principal problema do mercado editorial é a distribuição em um país de proporções continentais. “Cada vez que dou-me conta que leva vinte dias para levar um livro a Manaus eu quero morrer”, brinca o editor. Para solucionar o problema, ele afirmou que não se deve esperar o governo resolver a situação, e apostar na tecnologia eletrônica.
Em relação às novas tecnologias, ele entende que o editor é um gerenciador de conteúdo de terceiros, e que se “o meu mercado quer tudo em livro impresso, e-book, ou em placas de barro, eu vou fazer aquilo que ele quer”.
Já Isa Pessoa falou do ponto de vista pessoal. Ela comentou que, antigamente, se conseguia colocar autores brasileiros na lista de mais vendidos com frequência. Hoje, 20 anos depois, já não é o caso. As listas de mais vendidos são dominadas por best-sellers estrangeiros, livros que chegam no Brasil “apoiados por uma carreira vencedora”. Ela vê ainda uma concentração da leitura muito grande na mão de uma classe A que, segundo ela, consome 50% do que é produzido no Brasil. Um dos dilemas do mercado seria então criar canais para alcançar o outro leitor.
Fonte: PublishNews

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