quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Estamos nos transformando em máquinas sem memória

Por Roberta Fraga - Blog Livros e Afins

Li na Revista Época a matéria “Como fazer uma prova nota 10″ e, em vez de me maravilhar com a possibilidade de um sistema educacional e de avaliações perto do ideal, eu me afundei em reflexões.

A minha Avó, que beira aos 90, vez por outra, recita versinhos musicais que aprendera em criança, recita poemas, guarda métodos de cálculo, canta o hino nacional.

Ela é uma mulher do tempo (ou antes dele, em que as mulheres não iam à escola) da palmatória e do decoreba, também conhecido hoje por processo mnemônico.

Não defendo a palmatória, não defendo decorar sem entender.
Mas sinto que cada vez mais as pessoas estão se tornando, por vontade própria, reféns da tecnologia em termos de guardar informações.

Posso citar exemplos:
  • Usar calculadoras em provas de vestibular ;
  • Usar tablets e teclados em lugar de escrever;
  • Verificar em um site qualquer (muitas vezes qualquer mesmo) as informações de que precisa;
  • Escrever como se bem entende, sem verificar dicionários e achar que está tudo bem se houve comunicação.
Tudo isso é defensável e, até mesmo justificável, em detrimento da falta de tempo. Os alunos de hoje são corredores. Não se ensina uma fórumla de raciocínio crítico sobre as informações. Ensina-se um passo-a-passo vago do modo de fazer das coisas e pior, sem guardar na cabeça as informações que são necessárias para esse fim.

Foi publicada uma pesquisa que diz que determinada ferramenta de busca está destruindo nossa memória. Não estou de todo errada!

E se, todos os veículos de informação e bibliotecas decretassem greve de fornecimento de informações, se alguma tragédia natural interrompesse a world wide web? Como faríamos sem o “how to”? Que tempo teríamos sem o Ctrl C Ctrl V?

Parece coisa de filme? Sim, estou exagerando!

Na hora que a bateria do celular acaba eu sempre me arrependo porque eu não sei esse número de cabeça. Imagine só, para fazer fogo um dia, em que  talvez não haja nem papel para um pavil.

Temos nosso computador na cabeça, precisamos usá-lo e ainda não falei do impacto biológico desse processo de abrir mão de guardar informações.

Enquanto isso, eu me divirto (e aprendo) com as quadrinhas recitadas da minha  Avó.

Roberta Fraga

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